sábado, 28 de agosto de 2010

Um terço das adolescentes com peso adequado no país se acha gorda

Quase 36% das adolescentes que se acham muito gordas estão, na verdade, com o peso adequado, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), apresentada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (27). Entre os garotos, o índice é de 21,5%.
O estudo avaliou o estado nutricional dos escolares que estavam frequentando o 9º ano do ensino fundamental (antiga 8ª série), em 2009, nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal, e comparou as percepções sobre o próprio com o estado nutricional (indicado por medidas de peso e altura) dos jovens.
O principal problema nutricional verificado pela PeNSE foi o excesso de peso, que compreende o sobrepeso (peso acima do recomendado) e a obesidade. Os escolares da rede privada tinham as maiores prevalências de obesidade.
  • A pesquisa mostra que muitos jovens têm autoimagem distorcida A pesquisa mostra que muitos jovens têm autoimagem distorcida

Ao todo, o percentual de jovens obesos no país foi aferido em 7,2%, e as maiores frequências foram em Porto Alegre (10,5%), Rio de Janeiro (8,9%) e Campo Grande (8,9%).

Autoimagem e atitudes

Os resultados mostram que existe um descompasso entre a percepção sobre o prórpio peso e o real estado nutricional dos jovens. Mais de 25% das estudantes que se autoclassificaram como magras ou muito magras estavam, na verdade, com excesso de peso. Entre os garotos, o índice foi de 29,2%.
Já entre os escolares cuja autopercepção da imagem corporal era normal, 16,2 % (sexo masculino) e 14,3%, (sexo feminino) estavam com sobrepeso.
A pesquisa também investigou se os escolares tomavam alguma atitude para perder, manter ou ganhar peso. Dentre os escolares do sexo masculino que nada fizeram em relação ao seu peso, 14,4% estavam com sobrepeso, contra 12% de garotas na mesma situação. Entre estudantes do sexo feminino que tomaram alguma atitude para perder peso, 51,5% estavam no estado nutricional adequado, contra 29,8% dos escolares na mesma situação.
Os resultados também indicam que 88,2% dos garotos e 89,5% das garotas que tentaram ganhar peso estavam com o estado nutricional adequado.
A pesquisa contou com a análise das medidas e os questionários de mais de 63 mil escolares de todo o país.

Percentual de escolares do 9º ano do ensino fundamental obesos, segundo os municípios das capitais e o Distrito Federal - 2009 (Fonte: IBGE)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Fiocruz lança game para promover o combate à AIDS nas escolas

Por Angelica Paulo da rede de Saúde
Rio - Com o objetivo de promover o aprendizado e estimular o debate entre pais, alunos e educadores sobre AIDS e sexualidade, o Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) acaba de lançar a versão online do jogo Zig-zaids. Indicado para maiores de 12 anos, o jogo pode ser utilizado em escolas, em casa, em espaços não formais de ensino, nos serviços de saúde e espaços de lazer. Disponível em português e em inglês, a versão digital do Zig-Zaids possui ainda um mini-dicionário com termos relacionados ao tema.

Com o game, uma série de questionamentos, tais como "Como o vírus da Aids entra no corpo?" ou "Você acha que uma criança portadora do vírus deve frequentar a escola?" poderão ser amplamente debatidas por pessoas de todas as idades. O processo de revisão do Zig-zaids, cuja primeira versão, ainda como tabuleiro, data de 1991, incluiu uma avaliação em escolas da rede pública de ensino do Estado do Rio de Janeiro e um parecer do Setor de Prevenção do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde (MS).

Na edição recente, há mais informações sobre diagnóstico, dados epidemiológicos e direitos sexuais e reprodutivos de portadores de HIV. A pesquisadora Simone Monteiro, chefe do Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde do IOC, afirma que a avaliação do material aponta que o jogo estimula não apenas o debate, mas esclarece dúvidas e visões equivocadas sobre temas relacionados ao ensino de ciências naturais e orientação sexual, previstos nos Parâmetros Curriculares Nacionais.

“Constatamos que, ao invés da ênfase na ideia de fatalidade, aspectos como prevenção, noções de solidariedade e informações sobre a ação do HIV e do sistema de defesa do organismo foram ressaltados pelos estudantes. Os alunos aprovaram o jogo e demonstraram grande curiosidade pelo uso de computadores, indicando o potencial de recursos multimídias como estratégia de ensino”, completa Simone.

Para baixar o jogo e obter mais informações sobre o tema, acesse:
http://www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=44

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

OMS: mais de 1,8 milhão de jovens morrem todos os anos por causas preveníveis

Adital -
A cifra é alta e assusta: a cada ano, mais de 1,8 milhão de jovens entre 15 e 24 anos morrem em todo o mundo por causas que poderiam ser prevenidas. Isso é o que afirma o Relatório Mundial de Saúde 2010, publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Gravidez precoce, HIV, tabaco, álcool e violência são alguns dos problemas destacados no informe. A preocupação com a saúde desse público não é por acaso. De acordo com informações do relatório, apesar de a maioria dos jovens estar em boas condições de saúde, muitos sofrem com doenças que prejudicam o crescimento e o desenvolvimento pleno.
Além disso, muitas ações que são iniciadas na juventude podem prejudicar a pessoa na vida adulta, como o consumo de álcool e tabaco. "Quase dois terços das mortes prematuras e um terço da carga total de morbidade em adultos associam-se a enfermidades ou comportamentos que começaram em sua juventude, entre elas o consumo de tabaco, a falta de atividade física, as relações sexuais sem proteção e a exposição à violência", destaca o resumo do documento.
O número de casos de infecção por HIV, por exemplo, é crescente entre os jovens. Segundo a OMS, 40% dos novos casos de HIV registrados entre adultos em 2008 foram de pessoas entre 15 e 24 anos. Acredita-se que há, em todo o mundo, mais de 5,7 milhões de jovens afetados pelo HIV/Aids. "Na atualidade, entre os jovens, só 30% dos homens e 19% das mulheres têm conhecimentos amplos e corretos para proteger-se contra o vírus", aponta. As drogas consideradas lícitas em muitos países, como álcool e tabaco, também são causas de problemas de saúde entre a população jovem. A OMS estima que cerca de 150 milhões de jovens consumam tabaco, número que vem aumentado em nível global, principalmente entre as mulheres.
O uso do álcool também é destaque no relatório, o qual aponta que o consumo excessivo da bebida "reduz o autocontrole e aumenta as condutas de risco". De acordo com o documento, o uso abusivo do álcool é uma das causas principais de acidentes de trânsito e de violências, situações que tiram a vida de milhares de jovens todos os anos.
Prova disso são os números revelados pela OMS. Segundo o informe deste ano, a cada dia, aproximadamente 565 pessoas de 10 a 29 anos morrem por conta da violência interpessoal. Número não muito distante das mortes no trânsito. "Estima-se que os traumatismos causados pelo trânsito provoquem a morte de uns mil jovens a cada dia", apresenta.
Outro ponto que preocupa a Organização Mundial da Saúde é a saúde mental. Conforme o relatório, em um ano, aproximadamente 20% dos adolescentes sofrem problemas desse tipo, como depressão ou ansiedade, que podem aumentar quando passam por experiências de violência, humilhação e pobreza.
A gravidez precoce também não é deixada de lado pela OMS no documento. De acordo com ele, a cada ano, pelo menos 16 milhões de meninas entre 15 e 19 anos tornam-se mães, o que representa aproximadamente 11% dos nascimentos registrados em todo o mundo.
"A grande maioria desses nascimentos são produzidos em países em desenvolvimento. O risco de morrer por causas relacionadas com a gravidez é muito maior nas adolescentes que nas mulheres adultas. Quanto mais jovem a adolescente, maior é o risco", comenta.
O relatório completo ainda não está disponível para consulta online, mas o resumo já pode ser lido em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs345/es/index.html

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Abuso sexual infantil, exploração sexual de crianças, pedofilia: diferentes nomes, diferentes problemas?

Laura Lowenkron

O objetivo deste artigo é analisar as construções da “violência sexual contra crianças” como problema social e político. Especial atenção é conferida à maneira pela qual o tema foi desmembrado em diferentes modalidades de violência - tais como “abuso sexual infantil”, “exploração sexual de crianças” e “pedofilia” - bem como à cronologia das leis e das políticas de enfrentamento. Tendo como foco as discussões recentes no âmbito da CPI da Pedofilia, do Senado Federal brasileiro, e as disputas envolvendo as categorias classificatórias, o presente trabalho procura mostrar que, apesar da aparente unanimidade que marca o tema da “violência sexual contra crianças”, as controvérsias podem ser identificadas nas diferentes formas de abordá-lo.

Texto Completo: PDF Aqui