quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Video sobre Adolescência -

O primeiro de uma série de documentários cuja temática discute o universo adolescente. Neste episódio Priscila Pacheco aborda gravidez na adolescência e o preconceito contra a mãe jovem.



Adolescência - DOC NNT 08 from Nós na Tela on Vimeo.


Fonte: Universidade Livre Feminista

terça-feira, 5 de outubro de 2010

nossos preconceitos, nossas escolhas e nossas rejeições

Este cartaz saiu da Espanha e está rodando o mundo (traduzido).
Muito bom para chacoalhar os países que estão discriminando estrangeiros.
Bom também para todos nós para uma reflexão sobre nossos preconceitos, nossas escolhas e nossas rejeições...!

As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.
Fernando Pessoa

Escolas e colegas são hostis a alunos e alunas homossexuais, aponta pesquisa

DA AGÊNCIA BRASIL
As escolas brasileiras são hostis aos homossexuais e o tema da sexualidade continua sendo pouco discutido nas salas de aula. Essas são as principais constatações da pesquisa Homofobia nas Escolas, realizada em 11 capitais brasileiras pela organização não governamental Reprolatina, com apoio do Ministério da Educação.
"A homofobia é negada pelo discurso de que não existe estudantes LGBT [lésbicas, gays, bissexuais e travestis] na escola. Mas quando a gente ia conversar com os estudantes, a percepção, em relação aos colegas LGBT, era outra", contou uma das pesquisadoras, Magda Chinaglia.
Parte dos dados, com destaque sobre a situação na cidade do Rio, foi divulgada nesta segunda-feira. Os dados completos, com informações sobre a visita a 44 escolas de todas as regiões do país e trechos de 236 entrevistas feitas com professores, coordenadores de ensino, alunos do 6º ao 9º ano, além de funcionários da rede, devem ser divulgados até o final do ano.
De acordo com a pesquisa, os homossexuais são bastante reprimidos no ambiente escolar, onde qualquer comportamento diferenciado "interfere nas normas disciplinares da escola". "Ouvimos muito que as pessoas não se dão ao respeito. Então, os LGBT têm que se conter, não podem [se mostrar], é melhor não se mostrarem para serem respeitados", contou a pesquisadora.
No caso dos travestis, a situação é mais grave. Além da invisibilidade, fenômeno que faz com que os alunos e as alunas homossexuais não sejam reconhecidos, nenhuma escola autorizava o uso do nome social (feminino) e tampouco o uso do banheiro de mulheres. "Os travestis não estão nas escolas. A escola exige uniforme, não deixa os meninos usarem maquiagem. Os casos de evasão [escolar] são por causa dessas regras rígidas", explicou Magda.
De acordo com a vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT, Marjorie Marchi, que assistiu à divulgação dos dados, é principalmente a exclusão educacional que leva muitos travestis à prostituição. "Aquele quadro do travesti exposto ali na esquina é o resultado da falta da escola. Da exclusão", disse.
Em relação à educação sexual, os professores alegam que o tema não é muito discutido porque as famílias podem não aprovar a abordagem. "Existe um temor da reação desfavorável das famílias, Mas isso é o que eles [os professores] dizem", afirmou Magda. "Os estudantes não colocam a família como um problema. Aqui, cabe outra pesquisa para saber se as famílias interferem", completou.
A pesquisa não analisou especificamente os casos de violência, embora os especialistas tenham citado a ocorrência de brigas motivadas pela orientação sexual da vítima e colhido inúmeros relatos de episódios de homofobia. O objetivo é que o documento auxilie estados e municípios a desenvolver políticas públicas para essa população.
No Rio, as secretarias estaduais de Assistência Social e de Educação trabalham juntas num projeto de capacitação de professores multiplicadores em direitos humanos com foco no combate à homofobia. A meta é capacitar cerca de 8.000 dos 75 mil professores da rede até 2014.

Fonte Folha.com

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A puberdade vem mais cedo. E a infância fica mais curta

Fenômeno da antecipação do desenvolvimento das crianças é observado pela ciência. E, segundo especialistas, é caminho sem volta

Nathalia Goulart
A puberdade está chegando mais cedo, segundo a ciência. Se antes as mudanças no corpo e no comportamento típicas dessa fase ocorriam por volta dos 13 anos, hoje as transformações começam em torno dos 9 para as meninas e dos 10 para os meninos, antes mesmo da chegada da adolescência.
Pesquisas sobre o assunto não faltam. Estudo publicado recentemente mostra que as meninas são mais propensas agora a desenvolver seios e a menstruar entre os 7 e 8 anos de idade. A pesquisa é apenas a mais nova de uma enxurrada de relatórios que elevaram o acalorado debate sobre o ritmo acelerado de desenvolvimento infantil.
A puberdade é o período do desenvolvimento em que acontecem mudanças biológicas, fisiológicas e psicológicas. O indivíduo se torna mais maduro e com capacidade para se reproduzir. Nesse período, glândulas desencadeiam a produção de hormônios sexuais. As consequências no corpo se tornam evidente: as meninas ganham formas mais arredondadas, os seios e o quadril aumentam e os pêlos pubianos surgem. Nos meninos, a voz engrossa, os ombros e o tronco se alargam e o esqueleto se alonga.
A antecipação desse período tem sido registrada nos periódicos médicos e também é constatada por profissionais da área. "Há cerca de uma década, as meninas menstruavam aos 13,7 anos, em média. Hoje, essa idade caiu para 12,6 anos. E a tendência é que nos próximos anos esse estatística caia ainda mais", conta Felisbela Soares de Holanda, ginecologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
As razões para esse fenômeno são diversas. Entre elas, está a alimentação, mais rica em gordura, maior exposição à radiação solar e o stress da vida urbana, que afetam diretamente as crianças. Os estímulos aos quais são expostas influenciam o amadurecimento precoce. A erotização, por sua vez, também é alimentada por filmes, telenovelas e pela publicidade.
Para Ângelo Monesi, diretor do Instituto Paulista de Sexualidade, a aceleração da puberdade é um caminho sem volta na vida de nossas crianças. "Sem dúvida, a infância está mais curta, a adolescência, antecipada", diz Moneni. "As crianças são exigidas para a vida adulta cada vez mais cedo."
As consequências, é claro, cobraram seu preço. Além das implicações médicas que o turbilhão de hormônios pode trazer, a vida pode ser mais complicada para os garotos que têm a mente de uma criança, mas o corpo e comportamento de um adolescente. Eles podem não estar prontos para lidar com os avanços sexuais ou controlar suas próprias emoções e impulsos enriquecidos pelos hormônios e estímulos.
O desempenho escolar também exige cuidados. "A precocidade da puberdade pode trazer a diminuição das competências intelectuais", explica Silvana Martani, psicóloga e autora do livro Manual Teen. "Qualquer aspecto precoce produz um déficit de rendimento. O corpo está num processo e a mente, em outro. A precocidade pode trazer consigo um décifit maior de atenção, de concentração, das habilidades de reter conhecimento e realizar tarefas escolares." Os pais e professores devem estar atentos.
 Fonte: Veja Educação

Despertar das crianças para o sexo desafia escolas

Antecipação da puberdade leva instituições a introduzir aulas de educação sexual para alunos cada vez mais novos

Nathalia Goulart
Certo dia, a professora Ana Maria de Sousa se deparou com uma troca inusitada de olhares entre alunos de sexta série da Escola Waldorf, em São Paulo. Não foi a primeira manifestação a chamar a atenção dela. A proximidade dos estudantes nos corredores, os rumores de festinhas no fim de semana e as conversas sobre sexo alimentaram ainda mais a  preocupação. A transformação precoce das crianças muitas vezes pega pais e professores desprevenidos: "Eles não são muito jovens para isso?", perguntam-se. Ao invés de reprimir os alunos, a escola decidiu convidar um especialista e apresentá-lo à turma. Esse profissional passou a debater o assunto com alunos, docentes e pais.
Crianças e pré-adolescentes às voltas com a descoberta da sexualidade não são exclusividade da Waldorf, que fique bem claro. Cada vez mais cedo, eles dão os primeiros passos rumo à puberdade, período em que um turbilhão de hormônios desperta novos desejos e curiosidades e altera o comportamento dos infantes. As novidades assustam os pais e também os professores, que precisam se desdobrar diante da nova situação.
Claudio Gatti
Ana Paola e Giovana
Ana Paola (à esq.) e Giovanna, de 12 anos
Cláudia Bonfim, doutora em educação sexual pela Universidade Estadual da Campinas (Unicamp), diz que é possível identificar comportamentos precoces desde o jardim da infância. "Esses casos acontecem de forma isolada, mas é certo que as transformações se apresentam cada vez mais cedo", diz a especialista. Birgit Mobus, psicopedagoga do Colégio Suíço-Brasileiro, confirma o fenômeno: "Quando analisamos a última década, essa precocidade é constatada. Se antes, alguns alunos do primeiro ciclo do ensino fundamental trocavam 'selinhos', hoje estudantes do fim do primeiro cliclo já 'ficam', saem e até namoram".
De olho na questão, algumas escolas seguem os passos da Waldorf, incluindo em seus currículos aulas de educação sexual, dirigidas a alunos cada vez mais novos. Afinal, se o corpo muda mais cedo e os interessem surgem, a orientação precisa acompanhar a mudança. "Antes, educação sexual era assunto para o ensino médio. Hoje, tratamos do tema com crianças de 10 anos e já sentimos a demanda dos professores para que a conversa seja estendida aos de 8 e até 7 anos de idade", diz Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan de sexualidade, consultora do tradicional Colégio Bandeirantes, de São Paulo, e coordenadora do projeto-piloto Quebra Tabu, que está implementando aulas de educação sexual em trinta escolas da rede pública de Alagoas.
O Colégio Magnum, de Belo Horizonte, também instituiu as aulas. Na escola mineira, elas acontecem a partir da quarta série. "Sentimos a mudança de comportamento dos alunos e acreditamos que hoje o tema deve ser abordado nesse momento", afirma Anselmo Sampaio, coordenador de formação humana e cristã do Magnum. "Antes, falávamos apenas com os alunos do ensino médio, por volta dos 15 anos."

Divergência entre pais - A escolha dos mestres pode não agradar a todos os pais. Alguns deles ficam assustados com a proposta de tratar de tema tão espinhoso em tão tenra idade. A contadora Maria Aparecida Carasco, mãe de Amanda, de 12 anos, conta que se sentiu incomodada ao saber das aulas de educação sexual da filha na quarta série do Colégio Haya, em São Paulo. "Acho importante falar sobre o assunto, mas a idade deve ser levada em conta. Se isso for feito antes da hora, estimula desejos e curiosidades e pode atrapalhar o desenvolvimento da criança", opina Maria Aparecida. Já Amanda diz que se sentiu "confortável" com as aulas e que os ensinamentos esclareceram algumas dúvidas. "O assunto já existia entre algumas amigas. Tem gente que não sabia nada e passou a se conhecer e entender melhor", conta a menina.
Giovanna, de 12 anos, também teve aulas de educação sexual na quarta série do Colégio Porto Seguro. A mãe, a pedagoga Ana Paola Augusto, não se opôs. "É importante abordar o tema. Percebo que a minha filha amadureceu de uma forma rápida e a infância foi mais curta para ela. O comportamento dela mudou em muitos aspectos e isso exige uma nova postura da escola", explica. Entre as mudanças sentidas pela mãe estão novos temas nas conversas e até uma nova maneira de se vestir. "Desde muito cedo, a Giovanna queria fazer a unha e se maquiar para parecer mais velha, mas optei por não incentivar esse comportamento."
Claudio Gatti
Maria Aparecida e Amanda
Amanda (à esq.), de 12 anos, e Maria Aparecida
O diálogo com os pais no processo é fundamental, pregam os especialistas. Eles precisam entender o ritmo das transformações para que possam contribuir da melhor maneira possível para o desenvolvimento saudável dos filhos. "O número de pais que se opõem a educação sexual nas escolas é pequeno. Alguns, inclusive, optam por instituições que ofereçam esse tipo de assistência", diz Maria Helena, da Kaplan. A maior aceitação se dá, em grande medida, porque muitos compreendem que a orientação oferecida pode esclarecer dúvidas e acalmar os hormônios à flor da pele.
Em casa, os pais também se sentem desajeitados com as mudanças. Por isso, a ponte escola-casa pode ser fundamental para atravessar o período das transformações. "Na escola, as palestras e encontros não devem acontecer somente com os alunos, mas também com os responsáveis", diz Silvana Martani, psicóloga e autora do livro Manual Teen.

As aulas - De forma geral, a conversa com os alunos se inicia pelas transformações que eles já experimentam. Nessa etapa, o orientador fala sobre a puberdade, as mudanças no organismo e os cuidados que a nova etapa exige, principalmente os ligados à higiene. Em seguida, são apresentadas informações sobre a reprodução humana, já que nesse período pode se iniciar o período mais intenso de investigação do próprio corpo. Um item não pode faltar, dizem os especialistas: mostrar às crianças que é necessário crescer com responsabilidade. Por fim, o assunto chega ao relacionamento sexual humano. Os professores procuram diferenciar mitos e verdades. Dúvidas sobre os métodos contraceptivos e também as doenças sexualmente transmissíveis são outros tópicos pertinentes.
No Colégio Waldorf, a professora Ana Maria encontrou a solução para lidar com eventuais situações embaraçosas. Depois de promover uma conversa inicial entre um especialista e os estudantes, ela programa outros encontros. Desta vez, as perguntas serão escritas e anônimas. "Assim, ninguém corre o risco de ser identificado, o que causaria constrangimento, e pode tirar suas dúvidas tranquilamente. Afinal, esse é o objetivo: ajudar o aluno a lidar com sua própria realidade."



Fonte: Veja educação

A Escola e o despertar sexual do aluno


Segundo especialista, em geral, professores não estão preparados para orientar seus estudantes

Nathalia Goulart
O despertar precoce das crianças para o sexo desafia professores. Nas escolas, os mestres devem evitar a repressão e, ao mesmo tempo, conduzir um processo educativo que aborde valores, diferenças individuais e crenças. Isso é fundamental tanto na infância como na adolescência, quando a questão ressurge a todo vapor.
Para tratar do assunto delicado, os professores precisam de sensibilidade e principalmente preparo, defende Cláudia Bonfim, doutora em educação sexual pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "O professor deve se reeducar e entender que, nos dias de hoje, tudo acontece mais cedo com as crianças. Não é mais como nos tempos dele", afirma Cláudia. "Se isso não estiver claro para o mestre, a primeira reação dele diante de uma situação nova será de negação ou repressão: nenhuma dessas atitudes é eficiente para o desenvolvimento sadio do aluno."
Birgit Mobus, psicopedagoga do Colégio Suíço-Brasileiro, reitera: "Não basta dizer a uma menina que senta no colo de um aluno mais velho que aquele comportamento é inapropriado. É preciso ajudá-la entender as dimensões daquele gesto".
As dificuldades para lidar com as situações reais não são pequenas. Na razão do problema, estaria a falta de preparo. "Os professores precisam saber como transformar sua fala em uma ação educativa. Para isso, em geral, eles não estão capacitados", lamenta Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan de sexualidade, consultora do Colégio Bandeirantes, de São Paulo, e coordenadora do projeto-piloto Quebra Tabu, que implementa a educação sexual em quarenta escolas da rede pública de Alagoas.
Em sua pesquisa de doutorado, Claudia Bonfim descobriu que a questão é urgente. Segundo ela, 90% dos professores entrevistados não estavam preparados para lidar com questões relativas a crescimento e sexualidade dos estudantes, embora identificassem tais fenômenos.

Fonte: revista veja educação