quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Metade dos jovens, no Brasil, sofre privação



Cerca de 50% dos brasileiros entre 15 e 29 anos sofrem pelo menos um tipo de privação em uma gama de quatro itens 


(Fonte: PNUD) Àgere
Cerca de 50% dos brasileiros entre 15 e 29 anos sofrem pelo menos um tipo de privação em uma gama de quatro itens, segundo estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A pesquisa considerou os aspectos: saúde e risco ambiental; acesso a educação; acesso a recursos (rendimento e condições de moradia) e exclusão social.
A análise buscou apresentar uma abordagem mais ampla de pobreza nos quatro países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), identificando-a como limitação de oportunidades.
Intitulado “Inovar para incluir: jovens e desenvolvimento humano”, o estudo aponta que o “enfrentamento dessa dinâmica multidimensional da pobreza e da exclusão constitui o desafio social mais importante para a criação de condições favoráveis para o bem-estar e o fomento do protagonismo dos jovens” na melhoria do nível de desenvolvimento humano na região.
Educação
O estudo, que se baseou em estatísticas oficiais, dividiu os resultados por faixa etária. Em todos os países do Mercosul a privação é mais disseminada entre os mais novos, de 15 e 19 anos. No Brasil, 51,7% dos jovens nessa faixa têm condições de vida insatisfatórias em pelo menos uma das dimensões estudadas.
A proporção é um pouco menor entre 20 e 24 anos (47,8%) e entre 25 e 29 anos (49,6%). No entanto, nesses últimos grupos a privação é mais intensa: 29,6% dos brasileiros com 25 a 29 anos sofrem com pelo menos duas privações (na faixa de 15 a 19, a proporção é de 20,8%).
O Brasil é o que se sai pior na dimensão educação. Apesar da sensível melhora verificada desde 1995, apenas 80% dos jovens de 15 a 29 anos têm 6 anos ou mais de estudo. Na Argentina e no Uruguai, são 95%; no Paraguai, 89%.

A qualidade do ensino — que não é computada na análise da privação, mas é abordada no relatório — também deixa a desejar, embora as informações sobre o tema sejam relativamente escassas.
O resultado das avaliações de 2006 demonstra que os alunos têm deficiências nas três áreas. Dos estudantes que participaram das provas no Brasil, 73% não alcançaram o nível básico de competência em matemática, por exemplo. O mesmo percentual é de 64% na Argentina e de 46% no Uruguai. Entretanto, esses patamares ficam muito abaixo da média dos países da OCDE, que é de 21%.
A evasão escolar e a baixa qualidade de ensino estão intimamente relacionadas com a exclusão social que os jovens poderão sofrer durante a vida adulta, destaca o relatório.
Método

Para cada indicador considerado, o relatório adotou uma “linha de pobreza”.
Nos indicadores de meio ambiente (saneamento) e saúde (taxa de pessoas com Aids, porcentagem de mortes for causas violentas no total de mortes, taxa de mortalidade por faixa etária), são considerados em situação de privação os que estão entre os 25% com piores resultados.

Em educação, os que têm menos de 6 anos de estudo (ou menos de 9, para a faixa acima de 20 anos).
Em habitação, os que vivem em domicílios com mais de 3 pessoas por dormitório. Em renda, os que não têm condições de adquirir uma cesta de produtos e serviços definida pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal).
Em exclusão social, os que não têm acesso à educação nem ao mercado de trabalho.

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