segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A puberdade vem mais cedo. E a infância fica mais curta

Fenômeno da antecipação do desenvolvimento das crianças é observado pela ciência. E, segundo especialistas, é caminho sem volta

Nathalia Goulart
A puberdade está chegando mais cedo, segundo a ciência. Se antes as mudanças no corpo e no comportamento típicas dessa fase ocorriam por volta dos 13 anos, hoje as transformações começam em torno dos 9 para as meninas e dos 10 para os meninos, antes mesmo da chegada da adolescência.
Pesquisas sobre o assunto não faltam. Estudo publicado recentemente mostra que as meninas são mais propensas agora a desenvolver seios e a menstruar entre os 7 e 8 anos de idade. A pesquisa é apenas a mais nova de uma enxurrada de relatórios que elevaram o acalorado debate sobre o ritmo acelerado de desenvolvimento infantil.
A puberdade é o período do desenvolvimento em que acontecem mudanças biológicas, fisiológicas e psicológicas. O indivíduo se torna mais maduro e com capacidade para se reproduzir. Nesse período, glândulas desencadeiam a produção de hormônios sexuais. As consequências no corpo se tornam evidente: as meninas ganham formas mais arredondadas, os seios e o quadril aumentam e os pêlos pubianos surgem. Nos meninos, a voz engrossa, os ombros e o tronco se alargam e o esqueleto se alonga.
A antecipação desse período tem sido registrada nos periódicos médicos e também é constatada por profissionais da área. "Há cerca de uma década, as meninas menstruavam aos 13,7 anos, em média. Hoje, essa idade caiu para 12,6 anos. E a tendência é que nos próximos anos esse estatística caia ainda mais", conta Felisbela Soares de Holanda, ginecologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
As razões para esse fenômeno são diversas. Entre elas, está a alimentação, mais rica em gordura, maior exposição à radiação solar e o stress da vida urbana, que afetam diretamente as crianças. Os estímulos aos quais são expostas influenciam o amadurecimento precoce. A erotização, por sua vez, também é alimentada por filmes, telenovelas e pela publicidade.
Para Ângelo Monesi, diretor do Instituto Paulista de Sexualidade, a aceleração da puberdade é um caminho sem volta na vida de nossas crianças. "Sem dúvida, a infância está mais curta, a adolescência, antecipada", diz Moneni. "As crianças são exigidas para a vida adulta cada vez mais cedo."
As consequências, é claro, cobraram seu preço. Além das implicações médicas que o turbilhão de hormônios pode trazer, a vida pode ser mais complicada para os garotos que têm a mente de uma criança, mas o corpo e comportamento de um adolescente. Eles podem não estar prontos para lidar com os avanços sexuais ou controlar suas próprias emoções e impulsos enriquecidos pelos hormônios e estímulos.
O desempenho escolar também exige cuidados. "A precocidade da puberdade pode trazer a diminuição das competências intelectuais", explica Silvana Martani, psicóloga e autora do livro Manual Teen. "Qualquer aspecto precoce produz um déficit de rendimento. O corpo está num processo e a mente, em outro. A precocidade pode trazer consigo um décifit maior de atenção, de concentração, das habilidades de reter conhecimento e realizar tarefas escolares." Os pais e professores devem estar atentos.
 Fonte: Veja Educação

Um comentário:

  1. Importante ainda apontarmos que o desenvolvimento prematuro do corpo aumenta o poder de atração sexual, e eis o maior agravante: uma criança, com um corpo erótico de mulher adulta, ainda sem o discernimento necessário, para se defender ou identificar esses abusos e assédios, e menos ainda prevenir-se de uma gestação. Os conflitos psicossociais que geralmente ocorrem na adolescência com essa precocidade aumentam ainda mais.
    A adolescência por si só, já é um período complexo, de muitas mudanças: físicas, emocionais e sociais, que se complica ainda mais quando esse processo é precoce. É importante que os pais fiquem atentos aos sinais de uma puberdade precoce para que possam orientem seus filhos e também para que possam levar a menina ao médico para que a mesma faça um tratamento que busque interromper a produção dos hormônios sexuais que ocorram antes da idade considerada adequada antes da ocorrência da menarca, evitando assim, que a criança não sofra as conseqüências físicas, sociais e psicológicas da puberdade precoce.
    Faz-se necessário que pais e educadores compreendam que os paradigmas da sexualidade mudaram, e em muitos aspectos se tornaram precoces e exacerbados nas últimas décadas. Como apontamos, as crianças e adolescentes hoje tem livre acesso a informações (ou desinformações) sobre sexo na maioria das vezes de maneira banal, vulgar, que induzem à um visão reducionista, distorcida, genitalista e quantitativa da sexualidade, sendo estimulados a iniciar precocemente a vivência da sexualidade ativa. O que nos convoca pais e educadores a dialogar com nossos filhos e alunos de maneira aberta, tranqüila, crítica e emancipatória sobre o desenvolvimento da sexualidade. Se você negar a sexualidade da criança e do adolescente e não orientá-los, só estará contribuindo para que ele inicie precocemente a vida sexual ativa e corra riscos de uma gravidez não planejada, de contrair DST-s e Aids, e a viver uma sexualidade banal. Portanto Pais: orientem seus filhos, desenvolva neles valores e auto-estima, expliquem como sobre a utilização dos métodos anticonceptivos e após o início da vida sexual ativa deles, leve a menina ao ginecologista, e o menino ao urologista. Esclareçam sobre os prazeres da vivência da sexualidade ativa, e sobre a responsabilidade e conseqüências, ressaltando que deve ser sempre praticada de maneira segura. Abraços!
    http://educacaoesexualidadeprofclaudiabonfim.blogspot.com/

    ResponderExcluir